607 ou 587

9 de maio de 2016

Jerusalém caiu em 587 AEC, de acordo com praticamente todas as enciclopédias e com a evidência histórica tão abundante. As Testemunhas de Jeová afirmam que 587 AEC está errado e que Jerusalém foi destruída em 607 AEC. Isto é muito importante para as Testemunhas de Jeová, porque se Jerusalém não caiu em 607 AEC, então o reino de Jesus não começou em 1914, e a organização das Testemunhas de Jeová não foi escolhida por Deus em 1919.

Há uma enorme quantidade de evidência que pode ser usada para mostrar que 607 AEC está errada. Desde 1929, o livro Nabonido e Belsazar (Nabonidus and Belshazzar), do autor Raymond Philip Dougherty, mostra que o conhecimento sobre os reinos desses reis: …

… baseia-se em mais de 2 mil documentos cuneiformes datados. Estes devem ser aceitos como o maior critério para se responder questões sobre cronologia Neo-babilônica.” – Impressão da Yale University, p. 10. (tradução minha)

O calendário Judaico começa ou em Abril (Nisã – religioso) ou em Setembro (Tishri – secular), e, portanto, não se alinha com nosso calendário moderno, que começa em Janeiro. Por esta razão, às vezes vemos a informação de que Jerusalém caiu em 587/586 AEC.

Há inúmeras formas de se determinar que Jerusalém caiu em 587 AEC. Por exemplo, o Cânon de Ptolomeu, as Crônicas de Nabonido, Harran, estela de Hillah, e a sincronização com a cronologia egípcia.

Dicionário de Arqueologia Bíblica (Dictionary of Biblical Archaeology), página 274, em inglês, diz:

“As evidências arqueológicas para a destruição do reino em 586 a.C vem dos sítios de Jerusalém, Laquis, Tell Beit Mirsim, e outros”. (tradução minha)

Dezenas de milhares de documentos legais e econômico-administrativos foram desenterrados e descrevem ocorrências diárias, mensais e anuais durante os reinados dos reis Babilônicos.

Prosopografia é o estudo e a descrição das carreiras e dos relacionamentos familiares e sociais de uma pessoa, além de outros tipos de relacionamentos. A prosopografia mostra que a adição de 20 anos que as Testemunhas de Jeová fazem à História é improvável, porque aumentaria muito a expectativa de vida dos habitantes Babilônios já conhecidos. Se compararmos os negociantes da família Egibi com a cronologia das Testemunhas de Jeová, seria necessário que as pessoas mencionadas nesses registros vivessem e trabalhassem mais de 100 anos. Da mesma forma, para harmonizar essa cronologia com a estela de Adad-guppi, a mãe de Nabonido precisaria ter vivido até os 121 anos de idade.

A natureza altamente previsível da posição das estrelas e dos planetas faz com que observações astronômicas sejam de grande valor para datar eventos passados. Os babilônicos davam grande importância à astrologia, e os milhares de registros descobertos definem com exatidão as datas para os reis do reinado Babilônico. A VAT 4956 fornece 30 observações, 5 das quais colocam o trigésimo sétimo ano de Nabucodonosor no ano 568/567 AEC, confirmando esta como correta. E esta data é importante porque 2 Reis 25:2,8 coloca o “décimo primeiro ano do Rei Zedequias” no “décimo nono ano do Rei Nabucodonosor”, provando, sem dúvida, que a data para a destruição de Jerusalém aceita pelos eruditos é a data correta.

Para evidências detalhadas dos registros Assírios e Babilônicos provando que Jerusalém foi destruída em 587 AEC, veja o livro Os Tempos dos Gentios Reconsiderados, facilmente encontrado na internet.

Josefo

Josefo concorda com as fontes arqueológicas e serve de exemplo para mostrar que a destruição de Jerusalém ocorreu em 587 AEC. Ele afirma que Jerusalém ficou desolada durante apenas 50 anos, no Livro Contra Apion I (Against Apion Book I), capítulo 21:

 

Nabucodonosor, no décimo oitavo ano de seu reinado, deixou nosso templo desolado, e assim ficou, naquele estado de escuridão, por 50 anos; mas no segundo ano do reinado de Ciro, sua fundação foi firmada, e ele foi terminado novamente no segundo ano de Dario.” (tradução minha).

Estranhamente, a organização das Testemunhas de Jeová tenta usar Josefo para provar que Jerusalém foi destruída em 607 AEC. Nô apêncidce da publicação Venha o Teu Reino, a organização cita o livro Antiquities of the Jews X, ix, 7:

*** Venha o Teu Reino – kc p. 189 Apêndice ao capítulo 14 ***
Além disso, em outro lugar, Josefo descreve a destruição de Jerusalém pelos babilônios e diz então que “toda a Judéia e Jerusalém, e o templo, continuaram a ser um deserto por 70 anos”. (Antiquities of the Jews X, ix, 7)

Também cita outra obra de Josefo, na mesma publicação:

*** kc p. 189 Apêndice ao capítulo 14 ***
Declarou especificamente que “nossa cidade ficou desolada durante o intervalo de 70 anos, até os dias de Ciro”. (Against Apion I, 19)

Enfatizando as palavras deserto e desolada, a organização das Testemunhas de Jeová esconde o significado da frase. Se a ênfase for passada para a palavra durante, mostraria que Josefo poderia ter intencionado dizer que a cidade ficou desolada apenas durante uma parte daquele período.

A linha de raciocínio da organização das Testemunhas de Jeová faz parecer que os textos de Josefo são contraditórios. Não há contradição se entendermos que esses textos significam que Jerusalém ficou desolada por um período de 50 anos durante os 70 anos de desolação das nações. Desta forma, tudo concorda com as profecias bíblicas, concorda com a explicação dos 70 anos acima, e também concorda com a história.

Resposta da Organização das Testemunhas de Jeová

As publicações fazem um contraste entre a “Cronologia Bíblica” e a “Cronologia Secular”. Elas afirmam que as informações acima, que defendem 587 AEC, não são confiáveis, porque discordam das profecias bíblicas. No entanto, a cronologia secular só contradiz a interpretação das Testemunhas de Jeová sobre profecias bíblicas, e nós vamos mostrar que a interpretação delas é realmente errada, nesta série de artigos.

A organização se baseia nos estudiosos para chegar à data de 607, mas ao mesmo tempo, diz que esses estudiosos estão errados.

Explicam que a Bíblia é inspirada e deve ter prioridade sobre qualquer fonte secular:

*** A Sentinela (em inglês) de 15 de Setembro de 1965, p. 569 (tradução minha) ***
Se seguirmos a cronologia precisa do Deus Jeová, como está registrada na sua Palavra, veremos que a desolação de Judá foi de 607 a 537 AEC, e evitaremos cometer o erro dos cronologistas da Cristandade, que ignoram a profecia da desolação de 70 anos, e afirmam que a destruição de Jerusalém ocorreu em 587 AEC. Eles limitam a desolação de Jerusalém e da terra de Judá a meros 50 anos, aceitando cálculos pouco confiáveis de historiadores pagãos, em vez da infalível Palavra de Deus.

*** w89 15/3 p. 22 par. 17 Perspicácia dada por Jeová ***
No entanto, quando a interpretação desses achados entra em conflito com declarações explícitas da Bíblia, aceitamos com confiança aquilo que as Escrituras Sagradas dizem, quer em questões relacionadas com a cronologia, quer com outro tópico.

A organização depende das mesmas taboinhas astronômicas para chegar a 607 AEC, taboinhas que ela diz serem pouco confiáveis para chegar a 587 AEC.

Esse argumento é falho, porque não se trata de uma questão de superioridade da “inspiração da Bíblia” sobre a história secular, mas se vamos ou não aceitar a interpretação da organização sobre essa passagem bíblica. Tamanha evidência contra 607 AEC deveria servir para alertar que a interpretação das Testemunhas de Jeová está errada, como mostrará o artigo a seguir.

Além disso, a organização depende de fontes seculares para chegar na data de 539 AEC, a partir de onde ela calcula 607 AEC. Em outras palavras, as Testemunhas de Jeová partem de uma data obtida de fontes seculares (a queda de Babilônia em 539 AEC), sem reconhecerem a metodologia empregada pelas fontes seculares, e daí aplicam sua própria interpretação bíblica sobre ela.

Além de não existir fundamento para afirmar que a evidência histórica está errada, fazer isso é atirar no próprio pé. A organização baseia-se nos próprios registros históricos que ela ataca para chegar a 607 AEC. A evidência arqueológica que mostra que a destruição de Jerusalém foi em 587 AEC é a mesma evidência que a organização aceita como prova de que a destruição de Babilônia foi em 539 AEC. Para afirmar que 607 AEC foi a destruição de Jerusalém, a organização aceita registros históricos usados para calcular quando Babilônia caiu, e a partir dessa data, voltar 70 anos. Os arqueologistas (que dizem quando Babilônia caiu) são os mesmos que dizem que Jerusalém caiu em 587 AEC. As Testemunhas de Jeová, ao atacarem a evidência que apóia 587 AEC, acabam atacando a evidência que apoia 607 AEC.

Por exemplo, para se chegar em 539 AEC como sendo a queda de Babilônia, o livro Estudo Perspicaz das Escrituras baseia-se em tabuinhas astronômicas e no trabalho dos estudiosos Strassmaier, Kugler, Oppolzer e Gingerich, para determinar que o sétimo ano do reinado do Rei Cambises foi em 523/522 AEC.

Desde a edição de 15 de Abril de 1964, A Sentinela usa as abreviações A.E.C. e E.C. no lugar de A.C. e A.D. (ou D.C.):

  • A.E.C – Antes da Era Comum;
  • E.C. – Era Comum;
  • A.C. – Antes de Cristo;
  • D.C. – Depois de Cristo;
  • A.D. – Anno Domini, termo em latim que significa: “ano do Senhor”, ou depois de Cristo.

O termo “era comum” tem origem em 1615, e a abreviação E.C. tem origem no século 19. As abreviações A.E.C e .E.C. estão ganhando maior popularidade a partir do final do século 20 por causa dos não-cristãos.

*** Estudo Perspicaz – it-1 p. 607 Cronologia ***
Certa tabuinha babilônica de argila é útil para relacionar a cronologia babilônica com a cronologia bíblica. Esta tabuinha contém a seguinte informação astronômica sobre o sétimo ano de Cambises II, filho de Ciro II … (Inschriften von Cambyses, König von Babylon [Inscrições de Cambises, Rei de Babilônia], de J. N. Strassmaier, Leipzig, 1890, N.° 400, linhas 45-48; Sternkunde und Sterndienst in Babel [Astronomia e Veneração das Estrelas em Babel], de F. X. Kugler, Münster, 1907, Vol. I, pp. 70, 71) … De modo que esta tabuinha especifica o sétimo ano de Cambises II como tendo início na primavera setentrional de 523 AEC. Esta data é confirmada pela astronomia.

É graças à enorme confiabilidade da informação sobre a lista de reis seculares que as Testemunhas de Jeová aceitam 539 AEC como a data da queda de Babilônia, e a partir dessa data, elas aplicam matemática simples para chegar a 607 AEC como a data da queda de Jerusalém. Então, as Testemunhas de Jeová aceitam a data calculada para a tabuinha astronômica a partir do sétimo ano de Cambises, e aceitam também a cronologia secular (como a do Cânon de Ptolomeu) para chegar até a data da destruição de Babilônia em 539 AEC.

*** Estudo Perspicaz – it-1 p. 608 Cronologia ***
Pode-se chegar à data de 539 AEC para a queda de Babilônia não somente pelo cânon de Ptolomeu, mas também por outras fontes.

Apesar de admitir que dependem dessas fontes para determinar seus cálculos, as Testemunhas de Jeová afirmam, contraditoriamente, que tais fontes não são confiáveis e não podem ser usadas para calcular a queda de Jerusalém:

*** w11 1/10 p. 31 Quando a Jerusalém antiga foi destruída? — Parte um ***
Apesar de os historiadores clássicos e o Cânon de Ptolomeu não concordarem com essa data, há questões legítimas sobre a exatidão de seus escritos.

Um outro problema com o qual a organização precisa lidar é o fato de a linha de Reis Babilônicos mostrar um período de apenas 50 anos, e daí surge uma lacuna de 20 anos na cronologia das Testemunhas de Jeová que precisa ser preenchida. Elas tentaram fazer isso por aumentar o reino de Nabonido. Alternativamente, a organização propõe que pode ter havido períodos entre esses reis babilônicos em que não houve rei nenhum, apesar de não existir evidência para tal teoria.

*** A Sentinela – w11 1/11 p. 24 – Nota de Rodapé ***
[Nota de Rodapé] Há tabuinhas para todos os anos tradicionalmente atribuídos aos reis neobabilônios. Quando se somam todos os anos em que esses reis governaram e se calcula do último rei neobabilônio, Nabonido, para trás, chega-se à data de 587 AEC para a destruição de Jerusalém. Mas esse método de datação só é válido se cada rei sucedeu ao próximo imediatamente, sem que outros tenham governado entre eles.

A afirmação acima é uma confissão incrível, porque eles dizem que há evidência suficiente para 587 AEC, mas as Testemunhas de Jeová devem deixar a evidência de lado e preferir uma conjectura sem base de que talvez haja lacunas entre os reis. É como se a organização estivesse lançando um desafio para provar que não houve lacunas. E isto faz lembrar muito o Bule de Chá de Russell, em que alguém lança uma hipótese difícil de provar e tenta afirmar que tal hipótese é verdadeira, porque ninguém consegue provar que é falsa; mas o caso das Testemunhas de Jeová é ainda pior, porque a grande sincronia que existe entre todas as evidências históricas mostra que não poderia haver lacunas, principalmente para um período tão grande de 20 anos.

Depois de fazer um esforço enorme para citar eruditos para enfraquecer 587 AEC e apoiar 607 AEC, A Sentinela de 1 de Novembro de 2011 faz a seguinte confissão muito reveladora:

*** w11 1/11 p. 23 – veja no site jw.org ***
Nota: Nenhum dos eruditos citados defende que Jerusalém foi destruída em 607 AEC.

As 3 últimas citações acima foram das edições de Outubro e Novembro da Sentinela de 2011. Cada uma dessas edições traz um artigo que tenta provar que Jerusalém caiu em 607 AEC, em vez da data historicamente aceita: 587 AEC. O pesquisador Carl Jonsson fez uma uma pesquisa brilhantes sobre os 2 artigos da revista e publicou dois artigos refutando os artigos da referida A Sentinela. O site Mentes Bereanas clique para abrir em outra aba fez a tradução desses artigos, que eu reproduzi em meu site em 2 partes: parte 1 e parte 2.

As Testemunhas de Jeová não têm provas para apoiar 607 AEC como sendo a data da queda de Jerusalém. Elas só têm a sua própria interpretação exótica da Bíblia. Mesmo assim, elas precisam basear-se nos historiadores para calcular aquela data. Também não conseguem argumentar contra o enorme volume de informação que mostra que Jerusalém caiu em 587 AEC. Então, quando precisam atacar esses mesmos historiadores, as Testemunhas de Jeová colocam-se numa contradição que, no final, tira toda a credibilidade da data de 607 AEC. Já que essa profecia é tão importante para as Testemunhas de Jeová, o ônus de provar que esse ensino é verdadeiro recai sobre ela mesma. Ainda assim, visto que ele está errado, será impossível provar isso.

Calculando 587 AEC a partir das publicações

Existe uma vasta gama de evidências que podem ser usadas para provar que o ano 607 AEC é errado. Já em 1929, o livro Nabonido e Belsazar (Nabonidus and Belshazzar), de Raymond Philip Dougherty, Yale University Press, página 10, mostrava que o conhecimento do reinado desses reis “baseia-se em mais de 2 mil documentos cuneiformes datados. Estes devem ser aceitos como o maior critério para se responder questões sobre cronologia Neo-babilônica.” (tradução minha) Visto que as publicações das Testemunhas de Jeová citam frequentemente essas mesmas evidências históricas para mostrar quando Babilônia caiu, não é de admirar que conseguiremos encontrar informações nas próprias publicações para provar que 607 AEC é uma data errada para a queda de Jerusalém.

A seguir, mostraremos um cálculo simples de quando Jerusalém caiu, obtido exclusivamente a partir das publicações das Testemunhas de Jeová. Ao analisar os cálculos, lembre-se que todos os anos são somados para trás, negativamente, visto tratar-se do período Antes da Era Comum (Antes de Cristo). Além disso, você verá muitas menções a uma publicação chamada Ajuda ao Entendimento da Bíblia.

O anuário de 1976, na página 199, em português (disponível no CD-ROM Watchtower Library), menciona tal publicação importante, o livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia, que não foi lançado em português:

*** yb76 p. 199 Estados Unidos da América (Parte Três) ***
A obra atualmente usada na Escola do Ministério Teocrático das congregações de língua inglesa, e para pesquisa pessoal é uma obra que representa seis anos de pesquisa. Cerca de duzentos e cinqüenta irmãos em mais de noventa países contribuíram para ela, e então uma equipe especial trabalhou na preparação da matéria na sede da Sociedade em Brooklyn. O resultado foi um volume de 1.700 páginas, abrangendo tópicos bíblicos desde “Arão” até “Zuzim”. Seu título? Ajuda ao Entendimento da Bíblia, terminado em 1970. Na verdade, era uma provisão de Jeová.

A Sentinela de 1 de Fevereiro de 1976, página 70, em português (disponível no CD-ROM Watchtower Library), também menciona tal livro, que só foi lançado em inglês:

*** w76 1/2 p. 70 ***
Poderá obter pormenores no livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia, página 1677 (em inglês), debaixo do subtítulo “O Ciclo Metônico”

O livro Ajuda ao Entendimento da Bíblia era similar ao Estudo Perspicaz das Escrituras, lançado posteriormente.

Veja como calcular 587 AEC a partir das próprias publicações.

Para começarmos, temos que entender que as SOMAS de anos ocorrem com números negativos, e portanto, “caminham para trás”.

Além disso, o ponto de partida deve ser uma data aceita tanto pelos historiadores quanto pelas Testemunhas de Jeová, e esta data é a queda de Babilônia é 539 AEC:

*** Estudo Perspicaz – it-3 p. 52 Nabonido ***
539 AEC. Visto que esta data é aceita, não havendo evidência em contrário, pode ser usada como data fundamental na coordenação da história secular com a história bíblica.

Nabonido foi o último rei de Babilônia. O mesmo artigo citado acima diz:

*** Estudo Perspicaz – it-3 p. 50 Nabonido ***
Nabonido – Último monarca supremo do Império Babilônico.

Nabonido reinou por 17 anos, como pode ser visto no Estudo Perspicaz, onde esta informação foi apenas sugerida como possível:

*** Estudo Perspicaz – it-3 p. 52 Nabonido ***
Apesar da concisão da Crônica de Nabonido — uma tabuinha de uns 14 cm de largura no ponto mais largo e tendo aproximadamente o mesmo comprimento — ela continua sendo o mais completo registro cuneiforme disponível da queda de Babilônia. … Pode-se notar que a frase “décimo sétimo ano” não consta na tabuinha, estando danificada esta parte do texto. Esta frase é inserida pelos tradutores, porque eles acreditam que o 17.° ano de reinado de Nabonido foi seu último. Assim, presumem que a queda da cidade de Babilônia se deu naquele ano do seu reinado e que, se a tabuinha não estivesse danificada, essas palavras apareceriam no espaço agora danificado. Mesmo que o reinado de Nabonido tenha durado mais do que em geral se supõe, isto não mudaria a data aceita de 539 AEC como ano da queda de Babilônia, porque há outras fontes que indicam este ano.

Ainda segundo a Sentinela de 1 de Novembro de 2011, quatro outras fontes seculares confirmam que Nabonido reinou por 17 anos:

BEROSO POLISTOR JOSEFO PTOLOMEU
Nabonido 17 17 17 17

Assim, contando 17 anos para trás de 539 AEC, descobrimos que o Nabonido começou a reinar em 556 AEC.

O rei anterior a Nabonido foi Labasi-Marduque:

*** Estudo Perspicaz – it-3 p. 51 Nabonido ***
A ascensão de Nabonido ao trono seguiu-se ao assassinato de Labasi-Marduque.

Agora precisamos descobrir quantos anos Labasi-Marduque reinou. A Sentinela de 1 de Novembro de 2011, na página 29, mostra um quadro:

BEROSO POLISTOR JOSEFO PTOLOMEU
Labasi-Marduque 9 meses 9 meses

Portanto, contando apenas 9 meses para trás, Labasi-Marduque começou a reinar por volta de 556 AEC.

A seguir, precisamos descobrir quem reinou antes de Labasi-Marduque, e descobrimos que, antes de Labashi-Marduque, o rei foi seu pai Neriglissar:

*** Despertai – g80 8/9 p. 28 ***
Em tal glória, continuou sendo a capital da terceira potência mundial sob os sucessivos reinados do filho de Nabucodonosor, Evil Merodaque (Amel-Marduque), de seu genro Neriglissar e do filho de Neriglissar, Labashi-Marduque, e, por fim, tendo a Nabonido, genro de Nabucodonosor, no trono.

Portanto, precisamos descobrir quanto tempo Neriglissar reinou, e novamente, A Sentinela de 1 de Novembro de 2011, na página 29, nos dá essa informação num quadro, mostrando diversas fontes que concordam:

BEROSO POLISTOR JOSEFO PTOLOMEU
Neriglissar 4 4 40 4

Além disso, outra publicação nos informa quantos anos Neriglissar reinou (disponível no CD-ROM Watchtower Library em inglês):

*** A Sentinela de 1965 – w65 1/1 p. 29 (tradução minha)***
Evil-Merodaque reinou por 2 anos e foi assassinado por seu cunhado Neriglissar, que reinou por 4 anos, que ele gastou principalmente em operações de construção. Seu filho menor de idade, Labasi-Marduque, um menino perverso, foi seu sucessor, e foi assassinado em 9 meses. Nabonido, que havia servido como governador de Babilônia, e que tinha sido o afilhado favorito de Nabucodonosor, assumiu o trono e teve um reinado razoavelmente glorioso até a queda de Babilônia em 539 AEC.

Logo, contando 4 anos para trás, Neriglissar começou a reinar em 560 AEC.

A Despertai g80 8/9 p. 28 nos diz que reinou antes de Neriglissar: Evil Merodaque (Amel-Marduque). Precisamos descobrir quando Amel-Marduque começou a reinar. A Sentinela de 1 de Novembro de 2011, no mesmo quadro já citado anteriormente, mostra que BEROSO e PTOLOMEU concordam que Evil Merodaque reinou por 2 anos. Além disso, A Sentinela de 1 de Janeiro de 1965, página 29 (disponível no CD-ROM Watchtower Library em inglês), nos diz o seguinte:

*** A Sentinela de 1965 – w65 1/1 p. 29 (tradução minha)***
Evil-Merodaque reinou por 2 anos e foi assassinado por seu cunhado Neriglissar, que reinou por 4 anos, que ele gastou principalmente em operações de construção. Seu filho menor de idade, Labasi-Marduque, um menino perverso, foi seu sucessor, e foi assassinado em 9 meses. Nabonido, que havia servido como governador de Babilônia, e que tinha sido o afilhado favorito de Nabucodonosor, assumiu o trono e teve um reinado razoavelmente glorioso até a queda de Babilônia em 539 AEC.

Logo, Evil Merodaque (Amel-Marduque) começou a reinar em 562 AEC.

Quem reinou antes de Evil Merodaque (Amel-Marduque)?

*** it-2 p. 66 Evil-Merodaque ***
Evil-Merodaque – Rei babilônio que sucedeu a Nabucodonosor no trono…

Logo, precisamos descobrir quantos anos Nabucodonosor reinou, conforme o livro Estudo Perspicaz:

*** it-3 p. 53 Nabucodonosor, Nabucodorosor ***
Nabucodonosor reinou por 43 anos…

Portanto, contando 43 anos para trás, Nabucodonosor começou a reinar em 605 AEC.

Agora temos a informação chave, mais importante! Queremos a data da queda de Jerusalém, e ela caiu durante o reino de Nabucodonosor, mas quando exatamente? O livro Estudo Perspicaz nos responde:

*** it-3 p. 54 Nabucodonosor, Nabucodorosor ***
…em 9 de tamuz (junho-julho) do 11.° ano do reinado de Zedequias (o 19.° ano de Nabucodonosor, contado desde o seu ano de ascensão, ou seu 18.° ano de reinado), a muralha de Jerusalém foi brechada.

Logo, Nabucodonosor começou a reinar em 605 AEC, e no seu 18.° ano de reinado, ele derrubou Jerusalém. Desta forma, indo 18 anos para frente, chegamos à data da destruição de Jerusalém: 587 AEC.

Problemas na Linha do Tempo da Organização

As Testemunhas de Jeová afirmam que pode haver lacunas entre os reis, o que faria com que 587 fosse deslocado uns 20 anos para trás, chegando em 607. Mas não há possibilidade, nem evidências, nem fundamentos para afirmar isto. Além disso, outras publicações da organização, mesmo em português, concordam com essa sequência de reis, como se vê abaixo:

*** Estudo Perspicaz – it-1 p. 400 Caldéia, caldeu ***
Esse domínio se manifestou especialmente durante o sétimo e o sexto séculos AEC, quando Nabopolassar, natural da Caldéia, e seus sucessores, Nabucodonosor II, Evil-Merodaque (Avil-Marduque), Neriglissar, Labasi-Marduque, Nabonido e Belsazar governavam a Terceira Potência Mundial, Babilônia. (2Rs 24:1, 2; 2Cr 36:17; Esd 5:12; Je 21:4, 9; 25:12; 32:4; 43:3; 50:1; Ez 1:3; Hab 1:6) Essa dinastia teve fim quando “foi morto Belsazar, o rei caldeu”. (Da 5:30) Mais tarde, Dario, o Medo, tornou-se “rei sobre o reino dos caldeus”.

A organização das Testemunhas de Jeová discorda da História quando diz que Nabucodonosor saiu do trono em 581 AEC. A história mostra que isso ocorreu em 562 AEC. Portanto, as duas linhas do tempo são:

Linha do Tempo Proposta pelas Testemunhas de Jeová

Duração p/ as TJs

Datas p/ as TJs

Nabucodonosor

43 anos

624 – 581 AEC

Evil-Merodaque

2 anos

581 – 579 AEC

Neriglissar

4 anos

579 – 575 AEC

Labasi-Marduque

9 meses

575 – 575 AEC

Nabonido

36 anos

575 – 539 AEC

Já o historiadores aceitam a seguinte linha do tempo:

Linha do Tempo Aceita pelos Historiadores

Duração aceita

Datas aceitas

Nabucodonosor

43 anos

605 – 562 AEC

Evil-Merodaque

2 anos

562 – 560 AEC

Neriglissar

4 anos

560 – 556 AEC

Labasi-Marduque

9 meses

556 – 556 AEC

Nabonido

17 anos

556 – 539 AEC

Para que a linha do tempo proposta pelas Testemunhas de Jeová seja correta, Nabonido precisa ter reinado durante 36 anos, mas as próprias publicações mostram que ele reinou por apenas 17 anos:

*** A Sentinela de 1968 -w68 8/15 p. 491 par. 17 (tradução minha) ***
Outros investigadores dizem isto: “A Crônica de Nabonido … diz que Sippar caiu para as forças Persas em VII/14/17 [nota de rodapé] “VII/14/17”: O sétimo mês hebreu de Tishri, décimo quarto dia, décimo sétimo ano do reinado de Nabonido. (10 de Outubro de 539 AEC), que Babilônia caiu em VII/16/17 (12 de Outubro de 539 AEC), e que Ciro entrou em Babilônia em VIII/3/17 (29 de Outubro de 539 AEC). Isto fixa o fim do reino de Nabonido e o inínio do reino de Ciro.

*** Estudo Perspicaz – it-3 p. 50 Nabonido ***
Último monarca supremo do Império Babilônico; pai de Belsazar. À base de textos cuneiformes, acredita-se que ele tenha governado por uns 17 anos (556-539 AEC). Era dado à literatura, às artes e à religião.

Há mais um problema criado pela linha do tempo das Testemunhas de Jeová. A citação a seguir afirma que havia 2 Nabonidos, visto que as tabuinhas mostram que Nabonido estava governando sobre uma cidade no oitavo ano de Nabucodonosor. A razão para a organização ter sido forçada a criar esse improvável segundo Nabonido é que elas afirmam que Nabucodonosor começou a reinar em 624 AEC, e nessa data Nabonido seria jovem demais para governar. No entanto, como a arqueologia mostra que Nabucodonosor começou a reinar em 605 AEC, é perfeitamente aceitável que Nabonido tenha começado a governar em 597 AEC, e ainda estar vivo em 539 AEC.

*** Estudo Perspicaz – it-3 p. 50 Nabonido ***
Tabuinhas cuneiformes do oitavo ano de Nabucodonosor (nisã de 617-nisã de 616 AEC) alistam certo Nabu-naʼid como aquele “que está sobre a cidade”, e alguns historiadores acreditam que se trate do Nabonido que mais tarde se tornou rei. Todavia, isto significaria que Nabonido era bem moço quando foi posto em tal cargo administrativo e que era extremamente idoso por ocasião da queda de Babilônia, uns 77 anos mais tarde (539 AEC).

É impressionante, nas próprias publicações das Testemunhas de Jeová, notar que 607 AEC não foi o ano da queda de Jerusalém.

A Cronologia Bíblica

A Bíblia explica o que aconteceu durante esse período.

O livro de 2 Reis, capítulo 24, registra que Jeoiaquim pagou tributos para Babilônia durante 3 anos. Os registros babilônicos confirmam que isso ocorreu nos anos de 604, 603 e 602 AEC, sendo que o tributo era coletado em Novembro/Dezembro. Quando chegou a hora de coletar o tributo no ano segguinte, o Egito e Judá se rebelaram. O registro babilônico mostra que, no início de Novembro de 601 AEC, Nabucodonosor travou uma grande guerra com o Egito, que ele ganhou por pouco, sendo que ambos os lados tiveram muitas mortes. Então, quando Babilônia estava nessa situação enfraquecida, Jeoiaquim rebelou-se contra Nabucodonosor, conforme mostrado em 2 Reis 24:1,2:

(2 Reis 24:1, 2) Nos seus dias subiu Nabucodonosor, rei de Babilônia, e Jeoiaquim tornou-se assim seu servo por três anos. No entanto, recuou e se rebelou contra ele. 2 E Jeová começou a enviar contra ele guerrilhas de caldeus, e guerrilhas de sírios, e guerrilhas de moabitas, e guerrilhas dos filhos de Amom, e continuou a enviá-las contra Judá para o destruir, segundo a palavra de Jeová, que ele falara por intermédio dos seus servos, os profetas.

Visto que Nabucodonosor estava na guerra no Egito, seus reinos feudais (súditos) Sírio-Palestinos foram usados para punir Jerusalém por causa da rebelião de Jeoiaquim. A destruição que eles trouxeram sobre Judá em Novembro/Dezembro de 601 AEC foi tão severa que supostamente cumpriram as palavras dos profetas, de que Jerusalém seria destruída. Esta foi a primeira destruição de Jerusalém por Babilônia. A segunda destruição de Jerusalém por Babilônia, mais famosa, ocorreu mais de 13 anos depois, em 587 AEC.

O ano de 601 AEC poderia ser usado como data da destruição de Jerusalém, mas geralmente a data de 587 AEC é usada para descrever quando Jerusalém foi totalmente destruída. Sejá lá como for, 607 AEC não tem fundamento. Se as Testemunhas de Jeová decidissem usar alguma daquelas duas datas, então elas teriam que modificar o início dos Últimos Dias para 1920 ou 1934.

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