Há inúmeros problemas e inconsistências na maneira com que as Testemunhas de Jeová interpretam a profecia dos Sete Tempos. O maior problema com a maneira da organização chegar a 1914 é que Jerusalém não caiu em 607 AEC, como foi discutido no artigo 607 ou 587 AEC. No entanto, mesmo que o ano 607 AEC fosse correto, a interpretação continuaria errada em vários outros pontos.
- Não há razão para acreditar que Daniel 4 tem dois cumprimentos
- 606 ou 607 AEC
- 539 ou 537 AEC
- Julho ou Outubro
- 70 semanas e os 7 tempos
- “Ano Profético” de 360 dias aplicado a um Ano Solar
Daniel 4 – Não possui cumprimento maior
Todas as profecias no livro de Daniel tiveram apenas 1 cumprimento, como pode ser visto na lista abaixo. No entanto, as Testemunhas de Jeová afirmam que Daniel 4:9-32 deveria ter 2 cumprimentos.
- Daniel 2: Uma imagem imensa representando reinos
- Daniel 4: Os “sete tempos” representando o que ocorreu a Nabucodonosor (e 1914????)
- Daniel 5: Escrita na parede profetizando a destruição repentina de Babilônia
- Daniel 7: Quatro feras representando 4 potências mundiais
- Daniel 9: Setenta semanas e o Messias
- Daniel 11: Reis do Norte e do Sul
Porque tentar colocar 2 cumprimentos em Daniel 4, se todas as outras profecias de Daniel só tiveram 1 cumprimento? O sonho se cumpriu em Nabucodonosor. O livro de Daniel 2 fala de uma imagem com cabeça de ouro, peito de ferro, etc, mostrando para o rei de Babilônia que o seu reinado seria substituído por outros. O livro de Daniel 3 é continuação. Nabucodonosor constrói a imagem com que ele sonhou, mas a constrói de ouro da cabeça aos pés. Em Daniel 4, Nabucodonosor comporta-se como animal durante 7 tempos. A chave deste capítulo é a declaração final, onde Nabucodonosor reconhece que todos os reinos pertencem a Deus e que Nabucodonosor só governa porque Deus lhe deu esse direito. Fim da história. Não há base para um cumprimento secundário. Além disso, não tem lógica comparar a queda de um rei pagão com a queda do povo de Deus.
(Daniel 4:9-32) “‘Ó Beltessazar, chefe dos sacerdotes-magos, sei muito bem que em você está o espírito dos deuses santos e que nenhum segredo é difícil demais para você; por isso, explique-me as visões que vi no meu sonho e a interpretação dele. 10 “‘Nas visões que passaram pela minha mente enquanto eu estava deitado na minha cama, vi uma árvore no meio da terra, e ela era extremamente alta. leia o restante…
As Testemunhas de Jeová afirmam que Daniel 4 profetiza o Tempo Designado das Nações (ou Tempo dos Gentios), um período em que Jeová não teria um rei regente. Isso se extenderia do fim da regência divina pelos Judeus em 607 AEC, até o restabelecimento do Reino de Deus no céu em 1914. Os Tempos dos Gentios são os 2520 anos entre essas duas datas.
A interpretação do cumprimento secundário ocorre da seguinte maneira:
- O corte da árvore representa a destruição do Reino de Judá por Nabucodonosor em 607 AEC;
- Os “sete tempos” constituem 2520 dias, ou 7 anos de 360 dias cada;
- O “princípio” de “um dia por um ano” converte 2520 dias em 2520 anos;
- Os 2520 anos dos Tempos dos Gentios terminaram em 1914, coincidindo com o começo da regência de Jesus no céu.
O termo Tempos dos Gentios não aparece nem em Daniel 4, nem em nenhum outra parte da Bíblia. As Testemunhas de Jeová baseiam sua mensagem principal numa profecia que ganhou um segundo cumprimento sem motivo, e baseiam-se num termo que a profecia nunca usa. Com essa abordagem de interpretação, é fácil ver que as Testemunhas de Jeová conseguem fazer a Bíblia dizer qualquer coisa que quiserem.
É preciso muita imaginação para deduzir que Daniel 4 aponta para o nosso tempo. Não há nenhuma indicação de um segundo cumprimento, nenhuma referência aos Israelitas, e nenhuma expressão tal como “tempo dos gentios” ou “últimos dias”. Apesar disso tudo, a profecia dos 7 tempos é o pilar de sustentação da estrutura doutrinal das Testemunhas de Jeová, por ser o único texto bíblico que teoricamente indica que Jesus começou a reinar no ano de 1914.
Mesmo que Daniel 4 tivesse um cumprimento secundário, todos os aspectos dos cálculos das Testemunhas de Jeová são baseados em equívocos, que serão discutidos em detalhe nesta seção.
606 ou 607 AEC?
Russell acreditava que os 70 anos terminavam em 536 AEC. Então, Jerusalém teria sido destruída em 606 AEC (70 anos antes), e afirmava que esse era o começo dos Sete Tempos. Sob a liderança de Rutherford, a organização continuou a afirmar que Jerusalém caiu em 606 AEC.
“OS SETENTA ANOS DE DESOLAÇÃO – Isto nos leva ao período de desolação da terra, que durou 70 anos, e terminou com a libertação do seu povo de Babilônia, no primeiro ano de Ciro, 536 AEC …” – Volume II de Estudos das Escrituras, em inglês, página 51 (tradução minha).
*** A Sentinela de 1 de Março de 1925, p. 67 ***
Parece estar bem definido nas mentes dos ungidos que os Tempos dos Gentios, que começaram em 606 AEC, terminaram em 1914…
Na década de 1940, as Testemunhas de Jeová admitiram que seus cálculos para os 2520 anos estavam errados, porque consideravam o ano zero, que não existiu. Essa correção faria que com o Tempo dos Gentios terminasse em 1915. Mas como eles haviam investido tanto no ano 1914, os líderes das Testemunhas de Jeová decidiram alterar também o ano da queda de Jerusalém, de 606 AEC para 607 AEC, conseguindo, assim, manter 1914. Isso os obrigou a terminar os 70 anos em 537 AEC, em vez de 536 AEC.
*** re cap. 18 p. 105 Terremotos no dia do Senhor ***
[Nota de rodapé] Providencialmente, esses Estudantes da Bíblia não se haviam dado conta de que não existe ano zero entre “AC” e “EC” (ou “AD”). Mais tarde, quando uma pesquisa feita tornou necessário ajustar 606 AC para 607 AEC, eliminou-se também o ano zero, de modo que ainda valia a predição de “AD 1914”. — Veja “A Verdade Vos Tornará Livres”, publicado em português em 1946 pelas Testemunhas de Jeová, página 242.
Essa alteração arbitrária do ano 606 para 607 AEC só foi possível porque as Testemunhas de Jeová não acham necessário embasar nenhuma dessas datas com provas históricas.
Na ordem, as Testemunhas de Jeová:
- Precisavam manter 1914 (sem alterá-lo para 1915)
- Contaram 2520 anos para trás, descontando o ano zero, e chegaram a 537 AEC
- Contaram mais 70 anos para trás e chegaram na destruição de Jerusalém em 607 AEC
Entender que as Testemunhas de Jeová chegaram no ano 607 AEC antes de chegar no ano 537 AEC ajuda-nos a ver a desonestidade na afirmação a seguir:
*** Venha o Teu Reino – kc cap. 14 p. 137 par. 27 ***
Esta informação histórica é importante para determinarmos o início dos “tempos designados das nações”. Visto que os 70 anos da desolação de Judá e de Jerusalém terminaram em 537 A.E.C., eles começaram em 607 A.E.C.
Como vimos anteriormente, o ano 607 AEC foi adotado antes de começarem a dizer que a desolação terminou em 537 AEC, e não o contrário, como eles sugerem no livro Venha o Teu Reino.
O problema dessa jogada é que, na década de 1940, os historiadores já tinham provado que Babilônia caiu em 539 AEC. Então, é interessante notar quão longe as Testemunhas de Jeová vão só pra defender o período de 607 a 537 AEC, necessário para seus cálculos proféticos de 1914.
539 ou 537 AEC?
As Testemunhas de Jeová concordam que 539 AEC é um ano historicamente correto e fundamental para determinar outras datas bíblicas. No entanto, quando elas mudaram a queda de Babilônia de 536 para 539 AEC, elas só mudaram o fim dos 70 anos para 537 AEC. Mas para conseguir manter 607 e 1914, elas inventaram que os Judeus chegaram em sua terra natal em 537 AEC.
*** A Sentinela de 2011 – w11 1/10 p. 28,31 ***
Assim, no outono de 537 AEC, os judeus já tinham voltado a Jerusalém para restaurar a adoração verdadeira. … Há fortes evidências — e a maioria dos eruditos concorda — que em 537 AEC os judeus exilados já haviam voltado para sua terra natal.
As Testemunhas de Jeová sentem-se livres para fazer essa afirmação sem fundamento, e sem fornecer nenhuma evidência. Não se sabe quando os Judeus chegaram em sua terra natal. Poderiam também dizer que chegaram em 538 ou 536 AEC, como muitos dizem.
Os escritores de 2 Crônicas e de Esdras afirmam que Ciro libertou os cativos em algum momento do seu primeiro ano. Babilônia caiu depois do início do ano civil, que começou em 1 de Tishri (27 de Setembro de 539 AEC, no calendário Juliano). Isto significa que seu primeiro ano começou ou no 1 de Nisã seguinte (24 de Março de 538 AEC), ou no 1 de Tishri (17 de Setembro de 538 AEC). Alguns escritores Bíblicos usam o calendário de Nisã, enquanto outros usam o calendário de Tishri, sendo que Jeremias sugere que o escritor de Esdras-Neemias usou o calendário de Tishri.
Os livros de 2 Crônicas e Esdras não afirmam se o decreto foi feito por Ciro no início do seu primeiro ano, ou no fim. Se ele o fez em 24 de Março de 538 AEC, e o povo partiu imediatamente para a jornada de 4 meses, chegaram em suas cidades, e daí andaram até Jerusalém, eles conseguiriam chegar em 1 de Tishri (17 de Setembro de 538 AEC). Talvez Ciro tenha feito o decreto no final do seu primeiro ano, e, assumindo que seu primeiro ano começou em 1 de Tishri de 538 AEC, os viajantes só conseguiriam chegar em Jerusalém no ano 536 AEC. Ninguém sabe, e os escritores de Crônicas e Esdras não mostraram nenhum interesse em identificar esse ano.
Esdras tinha um foco religioso, e isso fez com que ele se preocupasse em dar nome às pessoas que fizeram a jornada, registrando sua genealogia, identificando seus papéis na religião, e especificando suas ofertas para o trabalho do templo. O único registro de tempo feito por Esdras foi o primeiro dia do sétimo mês (Tishri), por causa da importância religiosa daquele dia e mês. Tishri marca o início do ano civil, quando inúmeras celebrações religiosas importantes acontecem, tal como o “dia da expiação” (Iom Quipur).
É digno de nota que os escritores da Bíblia não informaram quando os Judeus retornaram a Jerusalém. Isto força as Testemunhas de Jeová a adivinhar um ano que parece tão crítico para determinar sua doutrina mais fundamental.
Um problema ainda mais significativo com a data de 537 AEC é que aBíblia mostra que os 70 anos não terminaram com o retorno dos Judeus, mas com a destruição de Babilônia em 539 AEC. Jeremias 25:12 afirma que os setenta anos se cumpriram quando Babilônia foi destruída, não num ano estimado do retorno dos Judeus para sua terra:
(Jeremias 25:12) “‘Mas, quando se completarem 70 anos, ajustarei contas com o rei de Babilônia e aquela nação por causa dos seus erros’, diz Jeová, ‘e farei da terra dos caldeus um deserto desolado para sempre.
Julho ou Outubro?
Muitas Testemunhas de Jeová acreditam que o início da Primeira Guerra Mundial marcou o fim dos Tempos dos Gentios, e o início dos Últimos Dias. Depois de ser expulso do céu, Satanás causou “ai da terra” (Apocalipse 12:12) com o início da Primeira Guerra Mundial, uma indicação clara de que agora ele estava na Terra. Mas isso não é verdade, porque a Primeira Guerra Mundial começou mais de 2 meses antes do suposto fim dos Tempos Designados das Nações (ou Tempos dos Gentios).
Os eventos de 2 de Outubro de 1914 parecem muito distantes, já que se passou mais de 1 século:
*** Anuário de 1976 – yb76 p. 72,73 ***
Essa foi uma época interessantíssima porque alguns de nós seriamente achávamos que iríamos para o céu na primeira semana desse outubro. … Um bom número de delegados ficou em Betel, e, naturalmente, os membros da equipe da sede estavam presentes à mesa do desjejum de sexta-feira de manhã, 2 de outubro. Todo o mundo já estava sentado quando o irmão Russell entrou. Como de costume, disse alegremente: “Bom dia para todos.” Mas, esta manhã era diferente. Ao invés de ir de imediato para seu lugar, bateu palmas e anunciou jubilosamente: “Terminaram os tempos dos Gentios; seus reis já tiveram seus dias.” “Como batemos palmas!” exclama Cora Merrill. Admitiu o irmão Macmillan: “Ficamos muito agitados e não seria surpresa se, nesse instante, simplesmente começássemos a subir, esse se tornando o sinal para começarmos a subir para o céu — mas naturalmente, não houve nada disso, realmente.” Acrescenta a irmã Merrill: “Depois de breve pausa, ele [Russell] disse: ‘Alguém se sente desapontado? Eu não. Tudo está correndo dentro do horário!’ De novo aplaudimos.”
O livro Venha o Teu Reino resume como as Testemunhas de Jeová calcularam o dia 2 de Outubro:
*** kc cap. 14 p. 136 par. 26 ***
Os historiadores calculam que Babilônia caiu no começo de outubro do ano 539 A.E.C. … O relato histórico, inspirado, conta-nos que os judeus acataram prontamente o decreto de Ciro, de modo que, “ao chegar o sétimo mês, os filhos de Israel estavam nas suas cidades”. (Esdras 3:1) Segundo o nosso calendário, seria em outubro de 537 A.E.C., data que assinala assim a terminação dos preditos 70 anos de desolação.
Temos um problema aqui: se os Tempos dos Gentios vão de 607 AEC a 1914, e as Testemunhas de Jeová afirmam que eles terminaram em Outubro de 1914, o artigo acima deveria estar falando de Outubro de 607 AEC, não de Outubro de 537 AEC.
Ainda mais importante é o fato de que a Primeira Guerra Mundial começou dois meses antes disso. A data mais aceita é 28 de Julho. Portanto, o início da Primeira Guerra Mundial não pode ser usado pelas Testemunhas de Jeová como um sinal da “presença”de Jesus, visto que ela começou antes dos Últimos Dias.
Na Escola de Pioneiros, afirmou-se que a Primeira Guerra Mundial foi uma “distração” para tirar a atenção do Reino de Jesus que estava por vir. Isso não faz sentigo algum, visto que o Reino de Jesus é invisível. Não havia nada acontecendo na Terra que precisasse de “distração”. Esse raciocínio também não tem base bíblica, visto que Apocalipse diz que haveria “ai da terra e do mar” depois que Satanás fosse expulso para a Terra, não antes.
A maioria não sabe que a Primeira Guerra Mundial começou antes do suporto fim dos Tempos dos Gentios, e a organização das Testemunhas de Jeová não os alerta sobre esse fato. Pelo contrário, ela usa a Primeira Guerra Mundial para defender que os Tempos dos Gentios terminaram em 1914.
*** re cap. 5 pp. 22-24 par. 3 João vê o glorificado Jesus ***
O cumprimento maior desta profecia começou com a desolação do reino de Judá, que a evidência bíblica indica ter sido completada em outubro de 607 AEC. Revelação 12:6, 14, mostra que 3 1/2 tempos são 1.260 dias; portanto, sete tempos (duas vezes esse número) têm de ser 2.520 dias. Calculando “um dia por um ano”, chegamos a 2.520 anos como a duração dos “sete tempos”. (Ezequiel 4:6) Portanto, Cristo Jesus começou seu governo celestial na última parte de 1914. O irrompimento da Primeira Guerra Mundial, naquele ano, assinalou “um princípio das dores de aflição”, que têm continuado a atormentar a humanidade.
70 Semanas e os 7 Tempos
As 70 Semanas são uma profecia de Daniel usada para indicar quando Jesus iniciaria seu ministério. Algumas Testemunhas de Jeová afirmam que confiam na interpretação dos 7 Tempos porque ela é determinada com a mesma metodologia da profecia de Daniel sobre as 70 Semanas.
Essa linha de raciocínio não tem fundamento, visto que o cálculo das duas profecias é muito diferente. A única coisa em comum é que as duas usam a fórmula de substituir um dia por um ano. Fora isso, a metodologia é completamente diferente.
Interpretação Minoritária: As Testemunhas de Jeová aceitam o entendimento cristão de que as 70 semanas de Daniel apontavam para Jesus. Por outro lado, a interpretação delas sobre os 7 Tempos só é aceita por um pequeno número de seitas que geralmente têm origem no movimento Adventista do século 19.
Controverso Cumprimento Secundário: As Testemunhas de Jeová concordam que a profecia das 70 Semanas tem apenas 1 cumprimento – a vinda do Messias – mas afirmam que os 7 Tempos deveria ter 2 cumprimentos. Os 7 tempos se cumpriram claramente nos 7 anos de loucura do rei Nabucodonosor. As Testemunhas de Jeová são uma das poucas religiões que tentam aplicar um segundo significado aos 7 tempos.
Conversões de Tempo Inconsistentes: A duração das 70 Semanas pode ser facilmente calculada como sendo 490 dias (a conversão de semana para dias é direta), e daí a regra de “um dia por um ano” é aplicada para chegar a 490 anos. Já os 7 Tempos não são calculados com esse método. Fazendo referência a outros textos, elas sugerem que um “tempo” representa um ano lunar de 360 dias. Mas as Testemunhas de Jeová escolhem quando querem aplicar “tempo” a um ano lunar de 360 dias e quando querem aplicar a um ano solar de 365 dias, dependendo do resultado que querem obter. (Veja o artigo Profecia de Daniel e Apocalipse) Na profecia dos 7 Tempos, o ano lunar é usado para se chegar aos 2520 anos, mas daí usam o ano solar para chegar a 1914.
Impossibilidade de Comprovação: Jesus estava presente de forma visível ao final das 70 Semanas de anos, e isso permitiu comprovar o cumprimento daquela profecia. Agora dizem que o cumprimento dos 7 Tempos ocorreu de forma invisível, não tendo sido percebido por ninguém além dos seguidores dos ensinos de Russell, e sendo impossível de comprovar, mesmo para tais seguidores.
“Ano Profético” de 360 Dias aplicado a um Ano Solar
O princípio de “um ano por um dia” era muito usado por Russell, mas foi usado apenas ocasionalmente nos cálculos proféticos de Rutherford. Por exemplo, as profecias de Daniel sobre 1260, 1290 e 1355 dias são todas entendidas como “um dia por um dia”, não “um dia por um ano”. Antes, Russell havia interpretado essas mesmas profecias com o conceito de um dia por um ano, com resultados bem diferentes das interpretações atuais.
Os 2520 anos são calculados usando-se um dia de 360 dias do “calendário profético, comparando-se o “tempo” de Daniel com o “tempo” de Apocalipse:
- Daniel fala de 7 Tempos
- Apocalipse diz que 3 tempos e meio = 1260 dias
- Ou seja, 1 tempo de Apocalipse equivale a 360 dias (1 ano lunar)
- O calendário lunar de 360 dias está sendo usado
- Se 1 tempo = 360 dias, então 7 tempos = 2520 dias
- Aplicando 1 dia por 1 ano, 2520 dias = 2520 anos (anos lunares)
- Os 2520 anos foram calculados com o calendário lunar de 360 dias.
No entanto, as Testemunhas de Jeová aplicam o calendário solar de 365 dias para chegar a 1914:
- 2520 anos (lunares, como vimos acima) transformam-se em 2520 anos de 365 dias para chegar a 1914 (contados a partir de 607 AEC).
Se o ano lunar fosse usado, os 2520 anos lunares da profecia corresponderiam a uns 2485 anos solares apenas, e chegaríamos ao ano 1878 do nosso calendário atual (e não 1914).
Mas usaram 2520 anos solares, que correspondem a exatos 2555 anos lunares, um número diferente daquele da profecia.
O calendário solar gregoriano, usado atualmente e usado pelas Testemunhas de Jeová nessa profecia, surgiu apenas no ano 1582 EC.
Alguns eruditos preferem o uso consistente do calendário “profético” lunar, e convertem 2520 anos lunares em 907200 dias. Esses 907200 dias, contados de 607 AEC, terminariam em 1878 EC, que é um ano significativo para os Adventistas.
O termo “ano profético” não é encontrado na Bíblia, mas é um produto de interpretação bíblica mais consistente. Um ano lunar tem 354.37 dias (12 x 29.53 dias). A maioria dos calendários antigos baseados na lua são lunisolares, porque adições intercaladas precisam ser feitas para impedir que eles se desloquem através das estações do ano. A Judéia Antiga tinha 2 calendários diferentes: (1) um calendário lunisolar de 354 dias que ainda é usado hoje como o calendário tradicional Hebreu, e (2) o calendário sacerdotal esquemático de 364 dias, usado pelo Judaísmo Essênio e de Enoque. O calendário esquemático é considerado sabático, porque 364 é divisível por 7. Para se chegar ao ano de 360 dias, deve-se usar o ano de 364 dias e remover os 4 dias epagomenais: os 2 solstícios e os 2 equinócios.