Desenvolvimento Histórico da Interpretação de 607 AEC

9 de maio de 2016

O Espírito Santo não revelou o entendimento dos Sete Tempos para o Pastor Russell. Tal entendimento foi promovido no século 19 (anos 1800), antes de Russell, principalmente por Aquila Brown, William Miller, E. B. Elliott, Robert Seeley, Joseph Seiss e Barbour.

Em 1823, John Aquila Brown publicou, na obra The Even-Tide, que os 7 Tempos de Daniel 4 profetizavam 2520 anos, começando no início do reino de Nabucodonosor em 604 AEC e terminando em 1917 EC. Mas ele não disse que esse período era o Tempo dos Gentios.

Em 1830, um fazendeiro chamado William Miller explicou que uma série de profecias estavam prestes a concluir em 1843, e assim ele chegou à conclusão de que Daniel 4 também terminaria em 1843. Para isso, ele afirmou que os sete vezes começaram quando Manassés foi levado como cativo a Babilônia em 677 AEC. O ano 1843 deveria significar o “tempo do fim”, a destruição da Babilônia, o tempo para os mortos seriam ressuscitados. Apollos Hale e Sylvester Bliss corrigiram esta data, removendo o ano zero que Miller tinha usado no cálculo, e passaram a promover a ideia de que o tempo do fim seria em 1844. Por sugestão de Miller, Samuel Neve calculou que o fim chegaria em 22 de outubro. Fez isso para corresponder com o décimo dia do sétimo mês judaico, caindo exatamente no dia da Expiação do ano de 1844. Ao invés de usar o calendário judaico atual, ele usou um calendário mais antigo inventado pelos judeus caraítas. As Testemunhas de Jeová ainda usam o calendário caraíta em seus cálculos, inclusive para a data do memorial.

Em 1840, John Dowling previu que a profecia de Miller sobre 1843 não se cumpriria. A citação a seguir, do artigo de Dowling entitulado Uma Exposição das Profecias, Presumidas por William Miller para Prever a Segunda Vinda de Cristo, em 1843 (em inglês, tradução minha), é igualmente aplicável às Testemunhas de Jeová:

“O Sr. Miller não é o primeiro expositor da profecia que tentou dogmaticamente decidir sobre o ano da vinda de Cristo. Eu não vou ocupar essas páginas relatando as histórias individuais dos sábios e positivos intérpretes de tempos proféticos, que precederam o Sr. Miller na determinação do ano do Juízo. Suas histórias eram todas iguais. Eles conseguiram o mesmo o Sr. Miller conseguiu: despertar um senso de alarme no seio de algumas pessoas simples, que se esqueceram de que Cristo disse “desse dia e hora ninguém sabe”- o tempo chegou – o ano passou, e o profeta e sua doutrina foram esquecidos.”
O leitor que está apenas parcialmente familiarizado com a história do mundo, e que não tem conhecimento da forma como o Sr. Miller força seus cálculos para caírem todos no ano de 1843, lendo atentamente o livro, imagina que existem, pelo menos, algumas coincidências muito marcantes, e sente-se consideravelmente abalado, ou até convencido.
Que o leitor preste atenção a esta passagem do capítulo 4 de Daniel 4 e imagine, se puder, quão ingênuo é o Sr. Miller para concluir que a vinda de Cristo, para efetuar Julgamento, será em 1843 .
Ele então olha para a sua cronologia bíblica, e descobre que no ano 677 AEC, um dos reis de Judá, chamado Manassés, foi levado como prisioneiro para Babilônia. Então, diz o Sr. Miller, nessa data deve começar esse castigo dos Sete Tempos”.

Quando a profecia de 1844 mostrou ser uma falsa profecia, ela foi alterada pelos Adventistas, como Barbour. A data inicial foi movida para 606 AEC, baseada na data incorreta para a destruição de Jerusalém, e a data final foi alterada para 1914 EC.

A revista Arauto da Aurora (Herald of the Morning), da qual N. H. Barbour era o editor principal, afirmou, em 1875:

*** Arauto da Aurora (Herald of the Morning), Setembro de 1875 (em inglês, tradução minha) ***
Acredito que, embora a provisão do evangelho vá terminar em 1878, os Judeus só serão restaurados na Palestina em 1881; e que os “Tempos dos Gentios”, a saber, os sete tempos proféticos de 2520 anos, ou 2 vezes 1260 anos, começaram quando Deus os entregou nas mãos de Nabucodonosor, em 606 AEC; e que só terminarão em 1914 EC, ou seja, daqui a 40 anos.”

Barbour escreveu que as medidas da grande pirâmide confirmavam que os Tempos dos Gentios terminariam em 1914:

*** Arauto da Aurora (The Herald of the Morning), Janeiro de 1876 ***
“essas 33 polegadas, adicionadas à medida do chão da Grande Galeria, derrubam 1881, e fazem de 1914 a data do fim dos ‘Tempos dos Gentios'”.

Russell conheceu Barbour em 1876, e juntou-se a ele para publicar suas doutrinas. Foi de Barbour que Russell adotou a ideia de que Daniel 4 é uma profecia do tempo do fim, e que os Tempos dos Gentios anunciariam a conclusão do Armagedom, e que as medidas da Grande Pirâmide poderiam ser usadas para calcular o cumprimento profético, tudo apontando para 1914.

O livro Estudos das Escrituras, Volume 3, diz:

*** Estudos das Escrituras, Volume 3 – Venha Teu Reino, p. 342, em inglês (tradução minha) ***
“Descobrimos que são 3457 polegadas, simbolizando 3457 anos desde a data acima, 1542 AEC. Este cálculo mostra que 1915 EC marca o início do período de tribulação, porque 1542 AEC + 1915 EC = 3416 anos. Então, a Pirâmide dá testemunho de que o fim de 1914 será o início do tempo de tribulação, tal como nunca ocorreu desde o princípio do mundo até agora, não, nem tampouco ocorrerá de novo.”

Será que as Testemunhas de Jeová previram 1914 ou 1874?

As publicações atuais das Testemunhas de Jeová não são honestas quanto à história da interpretação de 1914. Russell e Rutherford acreditavam que a presença invisível de Jesus havia começado em 1874. O fim do Tempo dos Gentios em 1914 deveria significar a regência visível de Deus na Terra.

*** Estudos das Escrituras, Volume 4 (1897), página 621, em inglês (tradução minha) ***
Nosso Senhor, o Rei designado, está agora presente desde Outubro de 1874 EC, conforme o testemunho dos profetas aos que têm ouvidos; e a inauguração formal da sua posição de rei ocorreu em Abril de 1878 EC.

*** Livro Profecia (Profecy, 1929), p. 65 (em inglês, tradução minha) ***
A prova bíblica é que a segunda presença do Senhor Jesus Cristo começou em 1874 EC.

*** Livro O Retorno do Nosso Senhor (Our Lord’s Return, 1929), p.27,33,37, em inglês (tradução minha) ***
De 1874 em diante, começou o tempo da segunda presença do Senhor… Como dito acima, as evidências circunstanciais que cumprem profecias constituem os fatos físicos, e são prova corroborativa da presença do Senhor desde 1874. … Tendo Sua presença começado em 1874, ele continuou o trabalho da colheira de 1874 em diante.

Somente na edição da Idade de Ouro de 1930, página 503, que Rutherford afirmou pela primeira vez que a volta e a “presença” de Cristo ocorreram em 1914, em vez de 1874.

Sabendo disso, é esclarecedor ver os artigos de A Sentinela afirmando de forma desonesta que a Organização sempre entender que 1914 era o início da presença e da regência de Jesus:

*** A Sentinela de 15 de Junho de 1954, p. 370 (em inglês, disponível no CD-ROM Watchtower Library ) ***
Por que, então, as nações não perceberam e aceitaram a aproximação desse clímax de julgamento? Porque elas não acataram ao anúncio mundial sobre o retorno e a segunda presença de Cristo. Muito antes da Primeira Guerra Mundial, as Testemunhas de Jeová apontavam para 1914 como o tempo desse grande evento acontecer.

*** A Sentinela de 1998, w98 15/9 p. 15 par. 1 ***
De modo similar, uma profecia fez providencialmente com que sinceros estudantes da Bíblia, no século 19, estivessem em expectativa. Por relacionarem os “sete tempos” de Daniel 4:25 com “os tempos dos gentios”, eles esperavam que Cristo recebesse o poder do Reino em 1914.

Para mais citações, veja o artigo 1914 na seção de alterações doutrinais (novas luzes) deste site.

O que sugerem as inverdades acima sobre a honestidade e integridade da organização das Testemunhas de Jeová? Se eles não problemas em falsificar sua própria história, não é de admirar que eles ignorem os fatos sobre o ano de 607 AEC também.

A expectativa inicial de que Jesus havia voltado invisivelmente em 1874, e que o fim dos tempos dos gentios em 1914 marcaria o retorno visível do reino, era muito mais lógica do que a visão atual, de um reino invisível começando em 1914. Se os 7 Tempos eram tempos sem nenhuma regência visível de Deus, e os 7 tempos haviam terminado, então também deveria significar que a regência visível de Deus voltaria, para substituir os reis da terra. Com a interpretação atual, não há nenhuma maneira de provar se o reino invisível de Deus começou ou não.

Com a falha da profecia sobre o fim do mundo em 1914, a maioria dos grupos Adventistas reconheceram que Daniel 4 não tinha um segundo cumprimento profético, e pararam de falar disso.

Ao longo do último século, houve um acúmulo de evidências que provam, sem dúvidas, que a destruição de Jerusalém ocorreu entre 586 e 587 AEC. Tanto a Bíblia quanto a História concordam com isso. As Testemunhas de Jeová investiram tanto em 1914 e 607 AEC que agora eles tentam desesperadamente enfraquecer as evidências do contrário.

O livro de Daniel 4 é o único texto usado pelas Testemunhas de Jeová para dizer que 1914 é o ano que Jesus começou a reinar. Se as Testemunhas de Jeová distorcem Daniel 4, então não temos razão para acreditar que os Últimos Dias começaram em 2 de Outubro de 1914. Sobre isso, tempo um artigo que responde ser os sinais de Jesus para os Últimos Dias realmente apontam para 1914.

Leia a seguir…

Será que os últimos dias começaram em 1914?

Mais sobre os 7 Tempos, 607, 1914 e os Últimos Dias

Introdução à Profecia dos Sete Tempos

607 AEC ou 587 AEC

Metodologia Inconsistente

70 anos – Quando ocorreram?

História da profecia

Será que os últimos dias começaram em 1914?