Quem é o mediador para as Testemunhas de Jeová? A doutrina delas diz que não é Jesus! Embora isso seja raramente mencionado, Jesus não é mediador nem para a Grande Multidão das Testemunhas de Jeová, nem para o resto da humanidade. A doutrina oficial é de que Jesus é o mediador somente para os 144 mil.
A Bíblia diz que Jesus é nosso mediador, e que seu resgate é para todos:
(1 Timóteo 2:5,6) … um só mediador entre Deus e os homens: um homem, Cristo Jesus, que se entregou como resgate correspondente por todos.
Desconsiderando isso, a Organização das Testemunhas de Jeová diz que Jesus é mediador somente para 144 mil ungidos:
*** A Sentinela, w79 15/9 p. 32 ***
De modo que, em estrito sentido bíblico, Jesus é o “mediador” apenas dos cristãos ungidos.
*** Livro Segurança Mundial sob o “Príncipe da Paz”, ws cap. 1 pp. 10-11 par. 16 ***
Do mesmo modo, o Moisés Maior, Jesus Cristo, não é o Mediador entre Jeová Deus e toda a humanidade. Ele é o Mediador entre seu Pai celestial, Jeová Deus, e a nação do Israel espiritual, que está limitado a 144.000 membros.
Se Jesus é o mediador somente para os poucos milhares do restante ungido na terra, quem é o mediador para as milhões de Testemunhas de Jeová que não fazem parte dos 144 mil?
*** A Sentinela, w79 15/9 p. 32 ***
A “grande multidão” de “outras ovelhas” que se forma hoje não está neste novo pacto. Mas, pela sua associação com o “pequeno rebanho” dos que ainda estão neste pacto eles obtêm os benefícios que resultam deste novo pacto.
*** A Sentinela, w80 15/6 p. 27 pars. 23-25 ***
Reconhecem que não são israelitas espirituais no novo pacto mediado por Jesus Cristo, nem fazem parte da “raça escolhida, sacerdócio real, nação santa”. — 1 Ped. 2:9. Contudo, tiram proveito da vigência do novo pacto. Beneficiam-se com ele assim como no antigo Israel o “residente forasteiro” se beneficiava por morar entre os israelitas que estavam no pacto da Lei. — Êxo. 20:10; Lev. 19:10, 33, 34; Rev. 7:9-15. Para manterem a relação com “nosso Salvador, Deus”, os da “grande multidão” precisam permanecer unidos com o restante dos israelitas espirituais.
Onde está Jesus, na afirmação acima?
O livro Jeremias e a Mensagem de Deus para Nós, de 2010, também traz essa doutrina, mas de uma maneira tão sutil que muitas Testemunhas de Jeová nem conseguem perceber que Jesus não é seu mediador. O livro explica que Jesus é o mediador do novo pacto, que é para o Israel espiritual, que a Organização afirma ser formado por apenas 144 mil pessoas.
*** jr cap. 14 p. 173 par. 9 ***
…o novo pacto é entre Deus e o Israel espiritual, tendo Jesus como seu Mediador.
A maioria das congregações não tem mais ninguém do “pequeno rebanho” com quem se associar, e na verdade, para todas as Testemunhas de Jeová, sua salvação depende de seguir ao Corpo Governante, os lideres da Organização. A ideia de que Jesus é mediador só dos Ungidos reforça a ideia de que é preciso seguir a orientação de um “Escravo Fiel e Prudente” para se obter a salvação.
É comum que seitas afirmem que seus líderes sejam os mediadores dos seus seguidores, como foi enfatizado pelo importante pesquisador de seitas, Steven Hassan (em inglês, tradução minha):
“A manipulação mística pode assumir uma qualidade especial nessas seitas porque os líderes tornam-se mediadores para Deus. Os princípios teocêntricos podem ser colocados à força e exigidos exclusivamente, de forma que a seita e suas doutrinas tornam-se o único caminho verdadeiro para a salvação.” – Livro Combatendo o Controle da Mente de Seitas (Combating Cult Mind Control, de Steven Hassan, p. 202, em inglês (tradução minha).
No Cristianismo, Jesus é o mediador por meio de quem toda a humanidade tem a liberdade para se aproximar de Deus. O apóstolo Paulo afirmou, de forma simples:
(1 Timóteo 2:5,6) … um só mediador entre Deus e os homens: um homem, Cristo Jesus, que se entregou como resgate correspondente por todos.
Somente Jesus é nosso mediador, e paulo não limita quem pode ser beneficiar dessa oportunidade. Para aumentarem sua autoridade, os líderes de seitas desconsideram esse conceito quando eles mesmos assumem o papel de mediadores, usando uma grande variedade de explicações para enfraquecer a afirmação de Paulo. Com isso em mente, é importante entender a Doutrina das Testemunhas de Jeová sobre o Mediador.
O que a Bíblia diz
A razão dada pelas Testemunhas de Jeová para dizer que Jesus é o mediador somente dos Ungidos é que o Novo Pacto, segundo elas, só se aplica aos 144 mil. Será que a Bíblia realmente ensina isso?
O Pacto da Lei prefigurava o Novo Pacto. Ele foi estabelecido para que a nação de Israel tivesse seus pecados perdoados, e requeria que Moisés fosse o Mediador e Sumo Sacerdote para oferecer expiação. O pacto não se limitava aos Sacerdotes; ele cobria os pecados de toda a nação dos Israelitas, e também incluía os Residentes Forasteiros, estrangeiros.
(Êxodo 19:6) Vocês se tornarão para mim um reino de sacerdotes e uma nação santa.
*** Estudo Perspicaz, it-3 p. 426 ***
…Os termos do pacto da Lei permitissem que pessoas de todas as formações nacionais se tornassem membros da congregação de Israel, por aceitarem a verdadeira adoração de Jeová e se tornarem circuncisas. … O residente forasteiro que se tornara adorador circunciso estava sujeito a uma só lei junto com os israelitas, isto é, tinha de obedecer a todos os termos do pacto da Lei.
O Pacto da Lei foi substituído pelo Novo Pacto para perdão dos pecados:
*** A Sentinela, w81 1/6 p. 31 ***
Jeová proveu Jesus Cristo como sacrifício perfeito para tirar os pecados. Esta é uma provisão específica do “novo pacto”.
Assim como acontecia no caso do Pacto da Lei, o Novo Pacto é também uma exigência para perdão dos pecados e a oportunidade está aberta para todos. Por ser melhor que o Pacto da Lei, o Novo Pacto torna possível a vida eterna, e fazer parte desse pacto é um requisito para se obter tal vida eterna.
Os textos bíblicos a seguir mostram a exigência de que todos façam parte do pacto para terem seus pecados perdoados, e pode-se notar que ele não se limita aos sacerdotes, mas está disponível para todos:
(Atos 13:38, 39) “Portanto, irmãos, saibam que por meio desse homem se proclama a vocês o perdão de pecados, e que, por meio dele, todo aquele que crê é declarado inocente de todas as coisas das quais não podia ser declarado inocente por meio da Lei de Moisés.
(Hebreus 9:15, 28) É por isso que ele é mediador de um novo pacto, a fim de que os chamados recebam a promessa da herança eterna, visto que houve uma morte para que eles fossem livrados, por meio de resgate, das transgressões cometidas sob o pacto anterior. … 28 assim também o Cristo foi oferecido uma só vez, para levar os pecados de muitos; e, na segunda vez que ele aparecer, será à parte do pecado, e ele será visto pelos que o esperam ansiosamente para a salvação.
(Romanos 3:21-30) 21 Mas agora, sem depender de lei, foi revelada a justiça de Deus, da qual a Lei e os Profetas dão testemunho, 22 sim, a justiça de Deus por meio da fé em Jesus Cristo, para todos os que têm fé. Porque não há distinção. 23 Pois todos pecaram e não atingem a glória de Deus, 24 e é como dádiva que são declarados justos pela Sua bondade imerecida, por meio do livramento pelo resgate pago por Cristo Jesus. … 29 Ou será que Deus é somente Deus dos judeus? Não é também Deus de pessoas das nações? Sim, também de pessoas das nações.
(Efésios 1:7) Por intermédio dele temos o livramento por resgate, por meio do sangue dele, sim, o perdão das nossas falhas, segundo as riquezas da sua bondade imerecida.
(Romanos 6:23) Pois o salário pago pelo pecado é a morte, mas a dádiva que Deus dá é a vida eterna por Cristo Jesus, nosso Senhor.
(Hebreus 7:25) Assim, ele é capaz também de salvar completamente os que se aproximam de Deus por meio dele, porque está sempre vivo para interceder por eles.
(Hebreus 8:10-12) “‘Pois este é o pacto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias’, diz Jeová. ‘Porei as minhas leis na sua mente e as escreverei no seu coração. E eu me tornarei o seu Deus, e eles se tornarão o meu povo. “‘E não ensinarão mais cada um ao seu concidadão e cada um ao seu irmão, dizendo: “Conheça a Jeová!” Porque todos eles me conhecerão, desde o menor até o maior. Pois serei misericordioso em relação às suas ações injustas e não me lembrarei mais dos seus pecados.’”
Pela definição da própria Torre de Vigia, um mediador é “Alguém que atua entre duas partes discordantes para reconciliá-las; intercessor; intermediário ou medianeiro. Nas Escrituras, o termo é aplicado a Moisés e a Jesus, que foram respectivamente os mediadores do pacto da Lei e do novo pacto.” (it-2 p. 788 Mediador) O livro de Mateus 26:27-28 diz que o perdão de pecados vem por meio do Novo Pacto:
(Mateus 26:27-28) E, pegando um cálice, ele deu graças e o deu a eles, dizendo: “Bebam dele, todos vocês, pois isto representa o meu ‘sangue do pacto’, que será derramado em benefício de muitos, para o perdão de pecados.
Jesus é o mediador para toda a humanidade porque o Novo Pacto existe “para o perdão de pecados”. Jesus é o Mediador e o Sumo Sacerdote do Novo Pacto. Todas as pessoas podem se beneficiar do perdão de pecados através do Novo Pacto e, assim, ter Jesus como seu Mediador e Sumo Sacerdote. O Novo Pacto só pode ser aplicado à humanidade por Jesus, não por algum humano:
(1 Timóteo 2:5) Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: um homem, Cristo Jesus
A Visão da Torre de Vigia
A organização das Testemunhas de Jeová possui uma visão incosistente do mediador. Os cristãos, geralmente, acreditam que o sacrifício de Jesus para o perdão de pecados foi oferecido para toda a humanidade, e é por isso que ele é o Mediador e o Sumo Sacerdote do Novo Pacto. No entanto, o entendimento da organização é bem único, porque separa o papel de Jesus para diferentes classes:
- Mediador somente para os 144 mil;
- Sumo Sacerdote em benefício de todas as pessoas.
*** Estudo Perspicaz, it-2 p. 789 ***
Ele media o novo pacto entre Deus e os aceitos no novo pacto, a congregação do Israel espiritual.
… O número total dos definitiva e permanentemente selados é revelado em Revelação (Apocalipse) 7:4-8 como 144.000.
A organização afirma que, embora Jesus seja mediador somente para os 144 mil, os outros que não fazem parte do novo pacto serão abençoados por Jesus pelo seu papel como Sumo Sacerdote para todos:
*** Estudo Perspicaz, it-2 p. 790 ***
Bênçãos Para a Humanidade em Geral. Ao passo que a mediação de Jesus funciona exclusivamente para com os que estão no novo pacto, ele é também o Sumo Sacerdote de Deus e a Semente de Abraão. No cumprimento dos seus deveres nestes dois cargos, ele trará bênçãos para outros da humanidade, porque todas as nações hão de ser abençoadas por meio da semente de Abraão.
*** A Sentinela, w91 15/2 p. 18 par. 11 ***
Cristo não atua como Mediador do novo pacto para com eles, todavia, eles se beneficiam desse pacto através da operação do Reino de Deus. Não obstante, Cristo ainda atua junto a eles como Sumo Sacerdote, por meio de quem Jeová pode e deveras aplica o resgate a ponto de agora serem declarados justos como amigos de Deus. (Compare isso com Tiago 2:23.)
Não existe precedente bíblico para apoiar a ideia de que o Mediador pode se aplicar para um grupo e o Sumo Sacerdote para outro grupo diferente, ou que o Sumo Sacerdote expia pecados de pessoas que não estejam no pacto.
Se os 144 mil prefiguram os reis e sacerdotes, e também prefiguram a inteira nação do Israel espiritual, então eles vão reinar sobre quem?
As Testemunhas de Jeová fazem um paralelo entre a Grande Multidão e os residentes forasteiros sob o pacto da lei:
*** A Sentinela, w95 1/7 p. 17 pars. 12-13 ***
12 Visto que diversos destes fiéis estrangeiros, ou residentes forasteiros, são encarados como prefigurando a atual grande multidão, sua situação é de interesse para nós. 13 Esses eram prosélitos, adoradores dedicados de Jeová, sob a Lei mosaica, separados das nações junto com os israelitas. (Levítico 24:22) Ofereciam sacrifícios, mantinham-se livres da adoração falsa e abstinham-se do sangue, assim como os israelitas.
Visto que a Grande Multidão supostamente é prefigurada pelos residentes forasteiros, então, pode-se concluir que a Grande Multidão está incluída no Novo Pacto, da mesma forma que os residentes forasteiros estavam incluídos no Pacto da Lei.
Histórico desta Doutrina
Porque a organização afirma que Jesus é o mediador somente dos 144 mil? A história do desenvolvimento desse conceito nos fornece a resposta. A organização nem sempre ensinou essa doutrina desagradável. Russell ensinava que o papel de Mediador era estendido a toda a humanidade.
Mas parece que Russell estava completamente confuso sobre o papel de mediador. Às vezes, ele achava que os 144 mil não estavam sob o Novo Pacto. Em outros momentos, eles estavam. Quando ele ensinava que eles não estavam sob o Novo Pacto, então podia-se concluir que eles não precisavam de um mediador e que eles (junto com Jesus) exerciam o papel de mediadores da humanidade.
Até 1880, Russell ensinava que Jesus e o corpo de Cristo (os 144 mil) eram mediadores para a humanidade. Então, os 144 mil não estavam incluídos no Novo Pacto.
*** Torre de Vigia de Sião, Fevereiro de 1880, p.72, em inglês (tradução minha) ***
Deve-se lembrar que nós somos nele herdeiros da glória, não sob o novo pacto, que ainda é futuro, mas no pacto Abraâmico.
Russell mudou de ideia e, de 1881 até 1907, ensinou que a Igreja estava incluída no Novo Pacto.
*** Torre de Vigia de Sião, Setembro de 1881, p.151, em inglês (tradução minha) ***
Em certo sentido, a operação do novo pacto começa com a igreja do Evangelho e nos eleva do plano da degradação e pecado para uma justificada ou reconhecida condição perfeita, da qual podemos avançar no caminho estreito, tornando-nos herdeiros do primeiro pacto.
Em 1907, Russell re-introduziu o ensino de que o novo pacto não é feito com a igreja de modo algum.
*** Torre de Vigia de Sião, 1 de Janeiro de 1909, p.12, em inglês (tradução minha) ***
Era muito inconsistente da nossa parte citar, num momento, a afirmação do Apóstolo de que somos membros da Semente de Isaque, os filhos do Pacto Antigo original, e em outro momento classificar-nos como beneficiários do Novo Pacto. (Veja também Torre de Vigia de Sião, 1 de Abril de 1909, p.110)
Pelo menos Russell acreditava que o papel de Jesus como Mediador era para a humanidade inteira.
*** Estudos das Escrituras – Nova Criação, p.398, em inglês (tradução minha) ***
Jesus ocupará essa relação de mediador entre Deus e os homens até que ele tenha cumprido completamente o trabalho intencionado – até que ele tenha colocado em plena harmonia com Deus toda criatura que, tendo sido ensinada sobre seu Criador e suas leis justas, deseje estar e ficar em completa harmonia a partir de então.
Para coincidir com a mudança da Grande Multidão do céu para a Terra, Rutherford fez uma afirmação quase oposta de que o Novo Pacto só se aplicava aos 144 mil. Em 1934, Rutherford limitou o grupo para quem Jesus era o mediador, passando a ser apenas os 144 mil Israelitas Espirituais.
*** A Sentinela, 1 de Abril de 1934, p. 104 ***
Jesus Cristo é o mediador do novo pacto para seus próprios irmãos, ou seja, o Israel Espiritual, durante o período em que Deus está separando das nações um povo para seu nome.
Foi durante esse período que Rutherford introduziu o conceito de que só os 144 mil vão para o céu. A Torre de Vigia viu-se obrigada a limitar o Novo Pacto aos 144 mil porque a Bíblia afirmava que os que estavam sob esse pacto receberiam uma ressurreição celestial:
(Hebreus 10:16-22) “‘Este é o pacto que farei com eles depois daqueles dias’, diz Jeová. ‘Porei as minhas leis no seu coração e as escreverei na sua mente.’” E depois ele acrescenta: “E não me lembrarei mais dos seus pecados e das suas ações contra a lei.” Ora, onde há perdão dessas coisas, não há mais oferta pelo pecado. Portanto, irmãos, visto que temos plena confiança para usar o caminho de entrada no lugar santo por meio do sangue de Jesus, o caminho novo e vivo que ele abriu para nós através da cortina, isto é, sua carne, e visto que temos um grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos com coração sincero e plena fé, tendo o coração aspergido, purificado de uma consciência má, e o corpo banhado com água limpa.
(1 Coríntios 15:51-57) Nem todos adormeceremos na morte, mas todos seremos transformados, num momento, num piscar de olhos, durante o toque da última trombeta. … O aguilhão que produz a morte é o pecado, e a força do pecado é a Lei. …
Determinado a provar que somente os 144 mil vão para o céu, a organização foi obrigada a dizer que o Novo Pacto só se aplica aos 144 mil. A organização removeu Jesus do papel de mediador da humanidade, para dar suporte a uma doutrina errada: a da ressurreição terrestre. Não há uma única passagem bíblica que fale de uma ressurreição terrestre.
A introdução desses ensinamentos foi uma mudança crítica para a Sociedade Torre de Vigia. Mesmo com o número de Testemunhas de Jeová crescendo além de 144 mil, Rutherford poderia ter continuado com o ensino de Russell, permitindo que mais seguidores fossem parte da Grande Multidão celestial. Quando ele enviou a Grande Multidão para a Terra e disse que somente Testemunhas de Jeová faziam parte dela, Rutherford pôde introduzir o conceito de salvação limitada. A ideia de Russell, de que a maioria da humanidade sobreviveria ao Armagedom, podia ser abandonada. A salvação passou a depender puramente de pertencer à Sociedade Torre de Vigia. Esse método de controle continuou a ser usado de lá pra cá.
A partir daquele momento, os líderes da Sociedade Torre de Vigia, membros do Israel Espiritual, podiam exigir obediência sem questionamentos da classe secundária de outras ovelhas.
*** A Sentinela, w02 1/2 p. 23 par. 18 ***
Tudo isso deve incutir na mente dos das outras ovelhas o motivo de as Escrituras Gregas Cristãs darem tanta atenção a Cristo e aos seus irmãos ungidos, e ao seu papel central na realização dos propósitos de Jeová. Por isso, os das outras ovelhas acham ser um privilégio apoiar de todo modo possível a ungida classe do escravo, ao esperarem “a revelação dos filhos de Deus” no Armagedom e durante o Milênio. Aguardam ser ‘libertados da escravização à corrupção e ter a liberdade gloriosa dos filhos de Deus’.
*** Livro Sobrevivência Para uma Nova Terra, de 1984, su cap. 12 p. 96 pars. 14-15 ***
14 Mas isso não necessariamente significa que tenham sido marcados para a sobrevivência. Precisam ser marcados pelo ‘homem com o tinteiro de secretário’. Os fatos mostram que a classe do “escravo fiel e discreto” está fazendo hoje esta obra de marcação. — Mateus 24:45-47. 15 Todos os que querem ser marcados como tendo a aprovação de Jeová precisam aceitar a instrução que Ele provê por intermédio dessa classe do “escravo” e tornar-se verdadeiros adoradores de Jeová.
A conclusão resultante da doutrina da organização é que o Corpo Governante elevou seu próprio papel para o papel de mediadores:
*** Livro Sobrevivência Para uma Nova Terra, de 1984, su cap. 8 p. 65 par. 9 ***
Junto com Cristo, constituem o instrumento por meio do qual se darão bênçãos a todos os outros obedientes dentre a humanidade. O reconhecimento disso é uma das chaves para o entendimento da Bíblia.
*** Estudo Perspicaz, it-2 p. 790 ***
Constituídos em reis e sacerdotes em razão do novo pacto mediado por ele, participarão em administrar as bênçãos do sacrifício de Jesus e do seu Reinado para todas as nações da terra. A mediação de Cristo, tendo alcançado o objetivo por levar “o Israel de Deus” a esta posição, resulta assim em benefícios e bênçãos para toda a humanidade.
O estilo de raciocínio da Torre de Vigia
As Testemunhas de Jeová usam uma eisegese para interpretar doutrina, ou seja, elas criam uma doutrina e, daí, manipulam a bíblia para concordar com ela. Isso exige a utilização de falácias de retórica para convencer as pessoas de que elas estão falando a verdade.
Um exemplo clássico disso é o artigo de 1989 explicando porque Jesus não é mediador para toda a humanidade. A seguir, mostramos algumas citações:
*** Início da citação da Sentinela, w89 15/8 p.30-31 ***
É Jesus o Mediador apenas para os cristãos ungidos pelo espírito, ou para toda a humanidade, uma vez que 1 Timóteo 2:5, 6 fala dele como “mediador” que “se entregou como resgate correspondente por todos”?
A Bíblia contém tanto ensinos básicos como verdades profundas, que constituem sólida matéria de estudo.
Para entender o que Paulo quis dizer, precisamos primeiro compreender que a Bíblia estabelece dois destinos para humanos fiéis: (1) vida perfeita numa terra paradísica restaurada e (2) vida no céu para o “pequeno rebanho” de Cristo, de 144.000 membros.
A Palavra grega me·sí·tes…
Claramente, pois, o novo pacto não é um arranjo livre, aberto a toda a humanidade. Trata-se duma cuidadosamente providenciada provisão legal envolvendo Deus e os cristãos ungidos.
Isto nos deve ajudar a entender 1 Timóteo 2:5, 6. Ali, a referência a “mediador” foi feita após as cinco outras ocorrências desta palavra em cartas escritas anteriormente. Assim, Timóteo teria entendido que a mediação de Jesus seria Seu papel legal ligado ao novo pacto.
Conseqüentemente, 1 Timóteo 2:5, 6 não usa “mediador” no sentido amplo, comum em muitas línguas. Não está dizendo que Jesus é mediador entre Deus e toda a humanidade. … O apóstolo João refere-se a estes em 1 João 2:2. Mas, ele indicou que outros também serão beneficiados pelo sacrifício de resgate: ‘Ele é um sacrifício propiciatório pelos nossos pecados, contudo, não apenas pelos nossos, mas também pelos do mundo inteiro.”
Os “do mundo inteiro” são todos aqueles que ganharão a vida eterna num paraíso terrestre restaurado. Milhões de tais aprovados servos de Deus têm agora essa esperança terrestre.
*** Fim da citação da Sentinela, w89 15/8 p.30-31 ***
O artigo começa dizendo que isto é alimento sólido, indicando que, se você não concordar ou entender a conclusão, você é espiritualmente imaturo. Daí, mostra que, para entender o papel do Mediador, você deve acreditar em outra doutrina da Torre de Vigia. No entanto, nenhum texto bíblico foi fornecido para dar apoio à doutrina de que humanos serão ressuscitados na terra, visto que não existem textos que falam isso. Na verdade, quando Apocalipse capítulos 7 e 19 falam da Grande Multidão, ele as coloca no céu “diante do trono”. (Veja a seção Paraíso Terrestre e Grande Multidão). A doutrina do Mediador é construída sobre uma fundação instável.
Daí, citaramm inúmeras definições de palavras em Grego. Isso parece ser uma tentativa de dar um ar de autoridade ao artigo, visto que o artigo não tinha nada a ver com a existência de uma classe secundária, e não se preocupou em responder à pergunta original.
Em seguida, o artigo tentou dar peso ao incluir uma palavra muito usada pela organização Torre de Vigia: “claramente”. Este termo é usado constantemente em artigos de A Sentinela para reforçar um ponto questionável. O escritor também tenta alegar que compartilha do conhecimento de Timóteo, ao dizer que “Timóteo teria entendido…”.
Como se não bastasse limitar a extensão do papel de Mediador para os 144 mil, o artigo ainda diz que o sacrifício propiciatório, que a Bíblia diz ser para os pecados “do mundo inteiro”, só se aplica àqueles que ganham a vida no paraíso terrestre. Visto que as Testemunhas de Jeová ensinam que bilhões morrerão no Armagedom sem nenhuma esperança de ressurreição, elas excluem o valor do sacrifício de Jesus para esses bilhões de pessoas ‘mundanas’ vivas.
Conclusão
As religiões não costumam mostrar suas doutrinas mais ofensivas aos novatos, e a doutrina das Testemunhas de Jeová sobre o Mediador geralmente não é apresentada aos Estudantes da Bíblia antes do batismo. A palavra Mediador não aparece nenhuma vez no livro O que a Bíblia Realmente Ensina?, que é o principal livro de estudo das Testemunhas de Jeová. Mas o papel de Jesus como Mediador é um ensino importante e fundamental do Cristianismo, diretamente discutido na Bíblia. No livro Raciocínios à base das Escrituras, a única menção do mediador é indireta, num tópico para explicar porque não devemos confiar em Santos:
*** Raciocínios, rs p. 184 par. 2 Imagens ***
1 Tim. 2:5, BJ: “Há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens um homem, Cristo Jesus.” (Não há margem aqui para outros desempenharem o papel de mediador para os membros da congregação de Cristo.)
A afirmação acima é irônica, visto que o Corpo Governante alega que a Grande Multidão só se beneficia do papel de mediador de Jesus enquanto permanecerem em contato com o Corpo Governante.
De forma hipócrita, a organização das Testemunhas de Jeová critica o ensino Católico de que os Santos podem ser “intercessores com Deus”, citando o texto acima, de 1 Timóteo 2:5, que diz haver apenas um mediador. Mas o ensino das Testemunhas de Jeová de que os ungidos são os mediadores da Grande Multidão é bem similar ao ensino Católico.
*** A Sentinela, w14 1/6 p.15 (veja no jw.org) ***
O que levou Capito, Cellarius, Campanus e outros a rejeitar certos ensinos da Igreja? Esses homens fizeram como os bereanos do primeiro século, que examinavam cuidadosamente as Escrituras “para ver se estas coisas eram assim”. (Atos 17:11) Veja algumas descobertas desses três reformadores:
ENSINOS DA IGREJA: Os santos podem ser venerados como intercessores de Deus.
O QUE DIZEM AS ESCRITURAS: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e homens, um homem, Cristo Jesus.” — 1 Timóteo 2:5.
Jesus é tanto Mediador quanto Sumo Sacerdote. Ele é o mediador de toda a humanidade, sem nenhum intermediário entre ele e os humanos. Nenhum homem é nosso cabeça. Todos respondem diretamente ao Cristo.
(1 Coríntios 11:3) Mas quero que saibam que o cabeça de todo homem é o Cristo.
As Testemunhas de Jeová ensinam que somente 144 mil pessoas compõem o Novo Pacto, e que Jesus é o mediador deles apenas. Bilhões de pessoas já viveram em diversas as épocas, mas o Novo Pacto só está aberto a 144 mil pessoas, sendo que umas 50 mil dessas viveram na primeira metade do século 20 (anos 19xx).
Por dizerem que as Testemunhas de Jeová só podem ter uma relação com seu Salvador se permanecerem unidos à Classe do Escravo, Rutherford transferiu um poder enorme para si mesmo e para os líderes seguintes da organização das Testemunhas de Jeová, e conseguiu criar, efetivamente, a estrutura necessária (e tão típica) de uma seita.